segunda-feira, 23 de novembro de 2020

Crônicas da Cidade Pandêmica: Brasil, escrito por Stephen King.


Certa vez, ouvi num sonho que o mundo foi criado por um Grande Escritor, e nossas vidas são tramas que ele vai escrevendo e se divertindo, às vezes pacificamente, ás vezes maliciosamente. A pessoa do sonho (que era eu mas não era - não são assim as regras dos sonhos?) concluiu então: somos todos personagens nestas histórias, e cada país tem em si mil gêneros, mil mundos, mil estantes diferentes em uma biblioteca eterna.

Penso nisso, e fico pensando que estilo literário é o que prevalece neste grande livro que é o Brasil. Difícil dizer direito: estamos dentro dele. Nenhum personagem sabe exatamente qual o gênero de sua história, até que ela encontre seu ápice. Talvez, se fossemos como o personagem de Will Ferrell em Mais estranho que a ficção, pudéssemos conversar com algum entendido e eles nos apontasse formas de tentar entender, afinal, qual a regra do mundo, deste mundo em si. Ai de nós, não temos essa sorte. 

Longe de ser um grande entendedor de literatura (talvez somente um entusiasta?), eu arriscaria dizer que cada país segue um gênero específico de acordo com a sua época. E neste momento, estamos numa horrível historia de horror. Não terror, veja bem: isso implicaria que não soubessemos o que está acontecendo, implicaria um mistério. Nenhum dos nossos males é mistério algum, sabemos muitos bem das origens deles. No entanto, cá estamos, indefesos, esperando tudo passar. Sem saber quando nem como. Que nem personagens em histórias de horror, se pensarmos bem. Pois o horror é ser forçado a ver tudo acontecendo perante os seus olhos, e não poder fazer nada. 

Tudo que podemos fazer é seguir em frente, e tentar ver aonde estamos seguindo pouco a pouco, como se dirigíssemos um carro em uma tempestade, e só desse para ver aos poucos o caminho por detrás do para-brisa cheio de água. O ano está acabando: talvez seja o fim desta chuva, e sigamos pela estrada com um pouco mais de claridade para o futuro. Ou talvez seja só o começo da chuva, e 2021 será uma tempestade maior, bíblica, varrendo todos nós para o fundo, um novo começo para o planeta. 

Quem poderá dizer? Esperemos o fim deste livro. Eu nunca gostei de ler o final antes, mesmo.  


Um comentário: