terça-feira, 17 de maio de 2022

Crônicas do Ano do Tigre: Salve a si mesmo, salve o mundo



Ultimamente tenho pensando mais e escrito menos, o que muitos diriam ser uma espécie de falha artística, mas acho que tem mais a ver com estar em dia comigo mesmo. Eis algo que acho que muitos não fazem: prestar atenção em si mesmos. Ainda mais vivendo numa metrópole como São Paulo, é fácil se perder dentro de questões que pensamos ser grandes, mas que são tão pequenas, tão ínfimas, que eu garanto que serão a última coisa que vai passar pela nossa cabeça, quando partirmos dessa para melhor. 

E é engraçado porque , contraditoriamente, acho que São Paulo acaba sendo um grande lugar para introspecção, para a filosofia (barata?) do dia-a-dia. Uma cidade tão gloriosamente dedicada a ser grandiosa acaba convidando a gente a olhar para dentro de nós mesmos, como uma contradição. E não é isso, no fim das contas, tudo que representa São Paulo? Contradições?

Mas os pensamentos podem ser perigosos, quando somos tentados a tornar eles maiores do que são. Há mais de um indivíduo andando aí fora, nesse frio de massa polar recém-chegada, que pensa que tudo deve ser transformado conforme a sua visão de cidade, de estado, de país. E isso é, de certa forma louvável; mas o que acontece quando não se dá espaço a nenhuma discussão, a nenhuma reflexão maior? É o caminho dos fanáticos, e eis algo que tem dado muitos dissabores a nossa realidade nesses tempos. 

Talvez pior que isso, é fácil tornarmos os problemas de fora, os nosso problemas pessoais, e aí mora uma grande armadilha, pois jamais seremos capazes de resolver, sozinhos, os problemas de toda uma geração; e portanto nosso sofrimento será intenso, posto que teremos no peito o fogo da mudança mas nunca teremos a sensação de estar fazendo o suficiente. Às vezes, vale a pena reduzir o foco, do macro ao micro. Talvez, antes de mais nada, precisemos mudar algo internamente, e aos poucos seguir para o externo.