domingo, 1 de novembro de 2020

Crônicas da Cidade Pandêmica: 1999


 À medida que o tempo passa, acho que é inevitável sentirmos nostalgia do passado, ou melhor dos passados, pois creio que temos uma multitude de pretéritos para escolhermos lembrar: os tempos de criança, os de adolescente, os de juventude começando na vida adulta e complicada....

Nesse momento, olho para trás e observo os meus 12 anos de idade, isso já a quase 21 anos atrás. Billy Korgan, na sua canção 1979, fazia o mesmo, lembrando de sua passagem da infância para a adolescência, com a vantagem de "só" terem passado 17 anos , ou seja, menos coisa para lidar, para lembrar. Quanto a mim, tenho aí pelo menos uns 4 anos a mais, e acho que hoje em dia, nós todos sabemos bem o quanto meses podem mudar a vida de uma pessoa; dirá então anos. 

Ainda assim eu olho, e penso no porquê disso. Não posso dizer que meus 12 anos de idade tenham sido particularmente tranquilos e felizes: a puberdade me acertou em cheio com todos os seus dramas, e se posso ser completamente justo, eu também estava num momento de mudança fora de mim forte: nova escola, novos companheiros de classe, a descoberta pouco a pouco que os adultos que me cercavam não eram, em absoluto, donos da verdade.... mas talvez por isso mesmo, eu tenha parado para pensar mais e mais nessa época. Como se rememorar ela fosse revivê-la, e assim evitar velhas dores, velhos erros. 

Em tempos tão sombrios, é fácil pensar no passado como uma época de fuga, tempos mais simples, um momento onde podemos mudar tudo. Nessas horas, talvez uma breve âncora de realidade seja o mais necessário, e lembrar também que o que veio antes não necessariamente era melhor. E mudar o passado apenas dentro da cabeça é uma tolice, nunca se muda nada para trás, só para frente, sempre para frente. Afinal, como dizia Stan Lee, é nesta direção que a ação está!



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