terça-feira, 15 de março de 2022

Crônicas do Ano do Tigre: Talvez um mundo novo


E aconteceu o inevitável, que é um dos políticos dessa "nova onda" se mostrar como sempre foi: uma pessoa vã, hedonista, que diminui o sofrimento dos outros em prol de seu prazer. Arthur do Val, o tal "Mamãe Falei", nada mais falou do que já tinha deixado escapar muitas vezes antes, tanto ele quanto seus amiguinhos do MBL; qual o motivo para o alarme agora? Possivelmente, porque o horror falado tornou-se internacional, impossível de rir e mascarar como "ah, mas ele só fala o que todo mundo pensa, quem nunca, etc". 

Não que ele não tenha tentado isso, mas descobriu que não, nem todos olham para refugiadas de guerra e pensam em como transar com elas naquelas situações.

Depois veio o escândalo mais recente: o filme de Danilo Gentili, "como ser o pior aluno da escola", taxado como uma obra pedófila. Os primeiros acusadores disso, aliás, os próprios bolsonaristas que antes idolatraram aquela desculpa fraca de humorista como "o novo bastião do humo escrachado", etc. Gentili ainda tentou dizer que se sente feliz de ter ofendido gregos e troianos, mas a verdade é que sua grande base são, sim, os extremistas. Difícil ver como ele fica com essa, talvez um novo João Klèber, comediante do horror Collor que se limita agora a ser um meme de pegadinhas e flagras falsos. 

Há ainda mais uma, embora essa eu tenha que ser reticente e dizer que rio menos que sinto um pouco pela pessoa: um bolsonarista recentemente rumou para a Ucrânia, querendo participar da guerra. dizia-se instrutor de tiro e pronto para o combate; ao chegar lá e quase ser morto em um bombardeio, ele parece estar repensando tudo, e falando sobre os horrores da guerra. Muitos tem feito galhofas ao sujeito: eu não creio que isso é bom. Trata-se de um indivíduo que talvez tenha acordado, com a realidade bem à sua frente, e tenha percebido o quão diferente é seu mundo interno de fantasias ultramacho versus a realidade nua e crua, com morte e sofrimento. Pelo menos, assim espero. 

O que tem esses três elementos em comum? Lógico, eles tratam de quedas de patamares, em diferente níveis, de condicionamentos bolsonaristas (dentro ou não de uma lógica hipócrita): que a guerra é boa, que falar o que quiser tá liberado, e que humor bom é o que choca e humilha. Como eu disse antes, existe muito de hipocrisia nesses casos (particularmente no caso de Danilo Gentili, vide quem está pulando fora do barco para atacá-lo); mas eu gostaria de pensar que isso é um sinal, do começo do fim deste período medonho que andamos vivendo. 

Sei lá, talvez eu seja só um sonhador mesmo.