quinta-feira, 10 de dezembro de 2020

Crônicas da Cidade Pandêmica: Um mundo horrível e lindo


2020 tem sido um ano de aprendizado para mim. E não me refiro aqui àqueles velhos ensinamentos de coach, "cada problema é uma oportunidade de crescer", etc. Acho que todo mundo que chega em um ponto da vida, já sabe efetivamente que problemas podem ajudar a crescer, mas coisas boas também o fazem. Não vangloriemos os obstáculos, eles não precisam de suporte, nós é quem precisamos. 

O aprendizado de que falo tem mais a ver com a dualidade que as coisas carregam em si, particularmente nossa vida; uma dualidade essa, dividida entre o que há d certo e o que há de corrompido . Eis também, outra frase que pode ser facilmente levada como uma mera falácia hippie. Já vejo alguns dos leitores esgarçando a face: como assim, Alfredo Neto, você vem aqui me falar de dualidades? Pois não temos uma métrica de horrores a cada dia? Quantos mortos já temos no Brasil, e no mundo, graças a uma doença que tudo indica que foi escondida até o ponto de não haver mais controle possível?  E as crianças baleadas no Rio de Janeiro? 

Mas amigos, eu preciso acreditar na dialética da coisa. Apesar de ser acusado, muitas vezes, de utópico ou simplista, não posso deixar de sentir que certas coisas são erradas, como o sofrimento de uma criança, ou que pessoas passem fome em um país que se especializou em produzir alimentos. Também não posso crer que todos esses horrores simplesmente aconteçam, e sejam a versão normal do mundo, que sejam as coisas como tem que ser. 

Alguns dizem que este mundo está tão quebrado, que o maior crime é, na verdade, trazer mais pessoas para ele. Os pais de primeira viagem seriam, portanto, cúmplices do sofrimento que o bebê deles teria, ao trazerem o inocente ao mundo cheio de pestes, guerras, fomes e mortes, sabendo que elas existem. Mas não posso crer que seja essa a versão final de nosso mundo. Eu creio - preciso crer- que temos como ser melhores, e que vamos ser melhores. Que os bons exemplos que surgem nestes momentos de desespero vão se perpetuar, que vamos conseguir construir algo melhor aqui.   

É nisso que eu penso ao olhar para os bebês de minha família, e os que aparecem ao meu redor Espero, sinceramente, que não esteja sendo apenas um sonhador. 



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