domingo, 13 de dezembro de 2020

Crônicas da Cidade Pandêmica: Cyberpunk 2020

São Paulo Neon Nights, foto de Henrique Oliveira (flickr)

Recentemente lançaram o jogo Cyberpunk 2077, E não vim falar dele aqui. Primeiro que não comprei o dito cujo (até onde soube, ele está todo mal-feito também, então nem me interessa comprar no momento); segundo, que mais interessante que falar de um jogo, é falar do que ele nos traz à mesa para discutir, de uma forma ou de outra.  Toda produção cultural, aliás, pode suscitar essa discussão, e um jogo de videogame é, certamente, um produto de cultura pop, quer se aceite isso ou não.

Enfim, vendo esse afã todo, comecei a pensar no gênero Cyberpunk, esse grande injustiçado dos meandros artísticos. Não que ele seja o único: na verdade, é difícil até dizer que gênero não foi injustiçado pelo mercado. As pessoas gostam de um determinado aspecto de uma obra, e as empresas, as corporações, tentam desesperadamente refazer o pulo do gato, e concentram-se em criar obras vazias de alma, porque acham que o que foi especial ali foi um tipo de efeito especial, uma cena em específico. E assim temos um filme, um livro que marca época, seguido de cópias e cópias sem qualquer valor. 

Mas divago: meu ponto aqui é, que o Cyberpunk é um gênero que começou literário (grosso modo), e que se entendeu como sátira. Isto é, apenas um tipo de história que exageraria os problemas sociais associados com a tecnologia em rápido desenvolvimento. Nunca se pensou neste tipo de história como uma previsão exatamente de nada; é claro que tecnologias apresentadas nas histórias (assim como tende a ser em quase toda ficção científica) fatalmente surgiriam, criados por cientistas inspirados nestas histórias. Mas arrisco dizer que  o escritor de Cyberpunk médio pensava mais em denunciar questões de seu presente, que necessariamente tentar prever aonde o futuro chegaria. 

E no entanto, veja onde estamos: em plena distopia cyberpunk. Ou há alguma dúvida a respeito disso? Olhando aqui a definição de um mundo cyberpunk, temos o seguinte conceito, em resumo: um lugar sinistro, sombrio, onde a tecnologia controla a vida dos indivíduos, e as corporações toma o lugar do Estado como centros de poder. Evidentemente, ainda não chegamos no epicentro da coisa toda, pois nossos Estados ainda cambaleiam em manterem-se relevantes; mas será que podemos realmente dizer que nada do que foi dito acima, aplica-se à nossa realidade? 

O Cyberpunk já está entre nós, e talvez tenha sido mais inevitável que pensávamos. Quantas outras previsões nefastas estão nos livros de nosso passado? O quanto nós mesmos montamos as estruturas para elas acontecerem, tal qual com as tecnologias que inspiraram cientistas fascinados? E nesse caso, será que não seria o momento de vermos a fundo o impacto das palrvas, das imagens, da arte na construção de um futuro mais próximo que pensamos? 

Eis algumas questões para considerarmos durante esse fim-de-ano. Ou talvez seja melhor buscar no Google? Veja só, ele já está até mostrando indicações de filmes com o tema! Parece mágica... 







 

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