quinta-feira, 31 de dezembro de 2020

Crônicas da Cidade Pandêmica: 2020 está morto, vida longa a 2021

Eis que o dia 31 chegou, e com ele a esperança de um ano novo diferente e bonito. Todos nós temos, no fundo do coração, esse sentimento forte de querer algo novo com o passar do ano. Ainda mais, é claro, depois de um período que foi mais um curso prático de estresse pós traumático que um ano em si. E nem me refiro às mortes (que foram muitas), nem às dificuldades que tivemos (que tantas outras pessoas tiveram ainda pior). . me refiro, na verdade , ao clima todo das coisas, todo o ar de peste e desespero que andava pelas ruas, ou talvez tenha sido somente libertado pelas condições do Covid-19. 

Eu sei o que muitos estão pensando: onde você estava que não viu isso antes? Brasil é isso mesmo, estamos sempre na luta, quem pensa diferente é superprotegido, filho de condomínio. E eu digo que essa pessoa que me lê e pensa isso, é um indivíduo que simplesmente não entende como as coisas mudaram demais desde março de 2020 por aqui. Ou olhar apreensivo pra qualquer pessoa que tossisse na rua era super comum  em 2019?  E encontrar lojas fechadas com avisos de obrigatório uso de máscara, que tal essa longa tradição de anos passados, hein? É lógico que as coisas mudaram, e não foi para melhor: foi para pior mesmo.

E então.... o dia 31/12. A grande virada. Porque é assim que as coisas funcionam, não?  uma data mágica e pof, tudo novo. Tabula Rasa. E talvez os nossos velhos problemas fiquem para trás, e nós possamos nos renovar enquanto soltamos fogos de artifício, comemos a ceia, e vemos o Faustão na Globo em algum show de virada da vida (talvez não esse ano; confesso estar por fora da programação da Globo por algum tempo já). 

E sabe, isso faz um certo sentido mesmo. O ser humano é antes de tudo um Homo Symbolicus,  e esses rituais são necessários para ele entender o começo de uma coisa nova, poder se renovar espiritualmente para coisas  que virão. Isso tudo é absolutamente necessário, tal qual os aniversários, ou antigamente as danças purificadoras e tudo mais. Alguns acham que um dia o ser humano vai se livrar dos símbolos e conseguir agir somente com a razão: eu afirmo que isso é impossível, pois toda essa simbologia é simplesmente parte integrante da experiência humana.

O que não faz sentido, amigos, é entender o 2021 vindouro como um imediato alívio das mazelas de 2020. Isso não vai acontecer; ainda temos tantas coisas a resolver que é quase ridículo comemorar a chegada desse ano novo. O Covid ainda está entre nós, e parece que vai ficar por um tempo, de acordo com os especialistas; a Crise econômica que virá graças à pandemia vai ser monstruosa, e podemos estar certos que a resposta a ela, aqui no brasil, vai ser a mais idiota possível (saudades de quando os planos econômicos eram apenas desumanos...); pior que isso, toda a estupidez e o ódio que ferveram durante dois mil e vinte continuam aí, mais expostos que nunca. eles não vão embora só porque um número mudou; ainda é nossa responsabilidade resolver isso.

Então o que comemorar? Que tal a chance de podermos, afinal, tentar resolver sses problemas? Estamos vivos, amigo/a leitor/a. Sobrevivemos, até aqui, a batalha de 2020. Temos a chance de acordar, tomar um banho, tomar café e encarar esse novo e bizarro mundo. Sofreremos, sim. Choraremos, mais ainda. Lamentaremos, sangraremos... mas é a experiência humana, com o doce e o amargo. Eu, particularmente, jamais vou me render antes de pelo menos lutar ao máximo, e sei que não estou sozinho nisso, afinal, ainda estamos vivos. e viver é lutar.

Desejo do fundo do coração que você que me lê, tenha a força para lutar e esmurrar o mundo bem na cara quando ele quiser te derrubar. Na falta de positividade, use a força da raiva mesmo! Nunca deixe que um ano te faça desistir. EM FRENTE! FELIZ 2021, E VAI TIMBORA 2020!


Nenhum comentário:

Postar um comentário