quinta-feira, 30 de abril de 2020

Crônicas da Cidade Pandêmica: The future belongs to the children


Tem sido difícil ver pontos positivos esses dias, esse ano de 2020 particularmente. Conversei esses dias com uma aluna de inglês que pretendo tatuar algo no braço, após toda essa morte e desespero que assolam nossas ruas e vidas, alguma coisa dizendo "2020: eu sobrevivi". Ou algo igualmente cafona. Acho que ganhamos o direito de ser cafona após sobreviver a uma pandemia, não? Com tanto pesar ao nosso redor, a cafonice é um sinal de sobrevivência, creio.

E apesar de tudo isso, também é 2020  um ano de nascimentos, de renovações de certa forma. Em fevereiro, nasceu o filho de uma amiga nossa aqui de casa. Seu nome é Martín, um portuguesinho branquelo fofo e lindo como nunca tinha visto, os olhos azuis curiosos que tudo fitam ao seu redor. Dia nove de Abril, meu sobrinho Bernardo completou um ano, e tem sido uma felicidade vê-lo crescer, mesmo que de longe. Ele gosta de ajudar a mãe a cozinhar coisinhas gostosas . Esses dias, acreditem ou não, ele ajudou a fazer um cupcake de laranja! Para este tio bajulador, que também ama coisas de cozinha, esta foi provavelmente a coisa mais emocionante que eu vi ele fazer, e não puder deixar de derramar a proverbial lágrima de orgulho.

E agora, vejam vocês, nasce meu outro sobrinho, Lee Hesse, em terras canadenses, tão distante de nós mas tão próximo de nosso coração. O rosto dele é de uma mistura poética entre a mãe, luana Hesse, e o pai, Freddie Hesse, meu irmão que partiu do Brasil em busca de sonhos e realizações (o que o torna, mutos diriam, o irmão mais sábio de nós). Acompanhei nervoso o desenvolver do nascimento dele neste dia de hoje; somente o santo dos professores deve saber como consegui dar uma manhã toda de aulas sem sequer pestanejar em momento algum. E quando ele nasceu, e vimos (eu e Aline aqui em casa e meus pais lá em Belém do Pará) a face do novo Hesse Garcia neste mundo sofrido de meu Deus, confesso que a emoção bateu forte.

Essas crianças, esses serezinhos humanso, são o futuro que esta nascendo. Não posso dizer que eles trazem, consigo, a promessa de dias melhores; seria uma cobrança absruda em cima de bebês que nada podem fazer, exceto conquistar nossos corações. No entanto.... eles são provas da existência de um futuro. Muitos podem dizer que eles são condenados a viver nesse mundo absurdo: eu digo que eles devem nos servir de inspiração sólida, viva, para a construção de um mundo melhor, das cinzas deste velho e patético mundo que permite homens como Bolsonaro e seus capachos viverem e troçarem do sofrimento alheio.

Em um mundo onde a morte impera, esses bebês desafiam-nos a crer na vida. Não podemos falhar com eles: há ainda milhas a seguir antes de dormimos. Que possamos arrumar a casa  e perrmitir que eles possam conseguis sonhar também, e não apenas sobreviver. Que sejam eles as pessoas que nos trarão esperança no outro, no vizinho ao lado.

Seja bem vindo, Lee Hesse. Titio te ama, sempre te amou, e sempre vai te amar.


PARA OUVIR: The future belongs to the children

Um comentário:

  1. Eles nos inspiram a olharmos nossos passos e nossas pegadas, para que eles, quem sabe, possam se inspirar também, algum dia.

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