terça-feira, 7 de abril de 2020

Crônicas da Cidade Pandêmica: Heaven in a Wild Flower


Em tempos incertos, o mais ideal seria buscar em si uma certeza, uma plataforma para tentar sobreviver. Mas e quando mesmo o seu lugar interno é carregado de incertezas? Aí vem a grande busca, o conhecer-se a si mesmo. 

Confesso que este é um tema um tanto espinhoso para mim; sofro de incertezas até do que deveria ser fato consumado em minha vida. Nunca acreditei na durabilidade de coisas boas, fossem elas aprazíveis ao corpo, mente ou espírito. Na verdade, por anos eu nem sequer acreditava na existência em si de emoções lindas que muitos tomam como parte integrante da existência.... foi preciso conhecer ELA, a mulher a quem tenho o priviléigo de chamar de esposa, para que eu pudesse cogitar que merecia ser feliz. Mas isso é assunto para outro momento. 

Por anos, a ideia de um mundo frio e incolor era para mim a realidade, até um dia eu enxergar as cores e a vida ao meu redor, um daltônico emocional de repente curado. É justamente nesse momento do ápice das descobertas, o mundo surge para se reafirmar gélido e implacável, com a Covid-19 funcionando como o argumento final desta visão. 

Mas não é possível que deixemos este vírus destruir nossos corpos e espíritos ao mesmo tempo, que esses momentos atrozes sejam a nossa regra e não a exceção monstruosa. Não podemos nos deixar demolir tanto pelo corona quanto pela absoluta soberba e ineficácia do atual presidente do Brasil, um homem que é em si uma doença sobre duas pernas, ameaçando diariamente nossa salubridade mental. É preciso resistir, é necessário crer num momento melhor, além deste tão terrível que estamos vivendo, e outros piores que ainda virão. Um dia, além da fumaça da História em curso, poderemos todos descansar e olhar atentamente as cores ao nosso redor, sem medo, sem raiva, em paz. 

Afinal, como disse um certo sábio inglês a mais de 30 anos atrás: O inferno é algo que carregamos conosco, e não um lugar para onde se vai. Larguemos portanto este inferno que nos pesa as costas e embrulha o estômago, e criemos em nós mesmos um paraíso. Faça-se a luz.


PARA OUVIRPanoramic




2 comentários:

  1. Por anos eu acreditei que o amor chegaria rapidinho. Depois desacreditei. Aí te conheci, o nobre sentimento foi chegando de mansinho e sei que jamais me deixará. Porque estar com vc é a certeza de que a Pandemia passará e que voltaremos e ver o mar.

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  2. Sim!Larguemos o inferno que insiste em pesar em nossas costas principalmente nestes dias cinza.

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