quinta-feira, 11 de fevereiro de 2021

Crônicas do Novo Normal: Qual o seu prazer, senhor?


Li em algum lugar que a venda de chicletes de nicotina cresceram em número recorde durante 2020. Há alguma coisa a se dizer sobre as pessoas quererem manter seus pulmões de uma forma razoável em meio a uma pandemia que, justamente, afeta a região pulmonar entre outras coisas. e isso é bastante louvável. Contudo, e isso talvez seja preocupante, o consumo de bebida alcoólica aumentou bastante. Parece que o delivery não impediu as pessoas de dar aquela afogada nas mágoas - e quantas mágoas 2020 deu pra gente afogar, não é mesmo? 

O álcool, é claro, é um tipo de vício, mas eu não vou vir aqui julgar ninguém por ter arrumado uma forma de lidar com os horrores deste período - desde que não tenha machucado mais ninguém. Meu objetivo, na verdade, é pensar um pouco sobre isso, as muletas que estamos arrumando para escapar da dura realidade. Sim, porque VOCÊ com certeza tem uma, apenas não percebeu isso ainda. Duvida? Vamos em frente que já te mostro.

Se falo isso, é porque eu mesmo já vi em mim este comportamento, embora com um vício considerado muito mais aceito que até mesmo álcool, e seu nome é café. Eu disse que era um vício aceito, mas é fato que muitos nem consideram ser assim tanto; essas pessoas estão, é claro, erradas. Ou ficar com dor de cabeça se você não tomar café é algo totalmente normal, que não acontece porque seu corpo está viciado na substância? Enquanto bebedor de café, eu lhes digo: paremos de nos enganar. É um vício, sim. 


Mas estou falando de substâncias, e creio que isso é muito limitador, simplesmente porque não se tem vícios apenas em líquidos, pós, ou fumos; existe uma variedade de prazeres efêmeros que um indivíduo pode tranquilamente afogar-se e fugir do mundo cruel. Sexo costuma ser uma destas formas, embora eu suponha que a pandemia diminuiu muito a capacidade geral das pessoas de  praticar essa atividade. Ligado a isso, pornografia é um outro meio; ou talvez algo mais light? Um BBB da vida, por exemplo, ou quiçá um mergulho intenso nos facebooks e outras redes sociais. 

O pior de tudo, me parece, não são os métodos de fugir do mundo: estes são apenas isso, ferramentas de escape. A mente que fica dependente deles, porém, é a maior preocupação, e é tão fácil, não é, se perder nestes hábitos perigosos. Ainda mais agora, que 2021 tem se mostrado um pouco mais duro que esperávamos, em nossas vãs ( e exageradas, é preciso dizer) esperanças . Espero que possamos entender qual foi a armadilha mental que pusemos em nós mesmos, e escapar dela antes que as coisas fiquem ainda mais difíceis.


2 comentários:

  1. Verdade, o ano de 2020 foi muito desolador. Acho que o meu "vicio" foi nos livros, aproveitei para ler vários.
    Mas não podemos jamais perder a esperança, pois é ela que nos sustenta. E como diz a música " Apesar de você, amanhã há de ser outro dia..."

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  2. Pobre da pessoa que não teve uma amuletinha de vicios sequer pra lidar com 2020 rss

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