quinta-feira, 25 de fevereiro de 2021

Crônicas do Novo Normal: Hinos Nacionais


O povo brasileiro, como eu já disse antes, é um povo triste. Eu sei, eu sei, não parece. Com tanto carnaval, funk, sacanagem generalizada e tudo mais, como acreditar isso? A imagem do brasileiro alegre e cordial está sempre presente nas mentes de todos que pensam esta nação, até mesmo dela própria. Como toda certeza absoluta, porém, está é apenas uma falácia. 

O brasileiro é sim um triste, ou antes, um desesperançado. As festas e músicas alegres com as quais ele se rodeia são a clássica fuga de enfrentamento, tentativa de esconder o que lhe queima o coração. Pode-se argumentar que até mesmo a raiva intensa que ele sente, que se manifesta tantas vezes em linchamentos e afins, não passa de uma forma de tentar expressar essa grande tristeza de seu coração. Sensações ruins, afinal, tem de sair de alguma forma - nem que seja da maneira errada. 

Eu também já falei aqui antes sobre minha crença no poder representativo da música: acredito mesmo, que ela seja uma das formas mais puras de arte justamente por não terem firulas, por tocarem o coração de alguém ou não. Quem nunca ouviu uma canção que o deixasse comovido/a, e quando perguntando o porquê disso, não soube explicar? Às vezes é uma lembrança do passado distante, às vezes um plano para o futuro... o que quer que seja, a música leva você para este lugar, te faz por breves momentos viver o que está em sua mente e coração. 

Com isso em mente, e considerando era de esperar uma produção grande de música mais "pra baixo" no Brasil. Afinal, dirão os leitores mais atentos, você ão disse que o país era no fundo um triste? Sim, eu disse, e reafirmo minhas palavras. De fato, basta olhar para os maiores sucesso clássicos da música brasileira: ou você vai dizer que "Naquela mesa", com Nelson Gonçalves, é uma canção alegre? Ou talvez você pense em ninar suas crianças com "As rosas não falam"? Sim, estou sendo bastante criterioso em escolher meus exemplos: mas até mesmo músicas clássicas mais alegres tem em si uma melancolia aguda, fina. Existem diversas canções do nosso chamado "rei" Roberto Carlos, que seguem bastante por esse caminho. 

Temos também as músicas de revolta, tão presente dos anos 60 aos 80, hoje tão sumidas do geral das produções (embora firmes e fortes no rap). Eis aí a receita de um clássico musical brasileiro: tristeza e revolta. A alegria, quando vem, é depois de muita luta, muito sofrimento. Somos antes de tudo fãs de via crucis, com toda a carga simbólica que isso oferece. Quanto às canções alegres de hoje em dia: aí estão, mas creio que em breve sumirão. O que mais cala no coração deste que é o maior país da América do Sul (ao menos em tamanho), é realmente a dor e raiva nossa de cada dia. 

Um comentário:

  1. A música faz-me companhia quando estou entre meus temperos.Acredito até que é o tempero essencial,A MÚSICA, que deixa-me com a alma e as mãos leves.

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