segunda-feira, 8 de junho de 2020

Crônicas da Cidade Pandêmica: Lost and Found



Sábado, eu tirei o dia para ajeitar os livros que estavam , e ainda estão, no meu escritório. Digo "meu", e falho bastante; pois aqui é o espaço de trabalho meu e de minha esposa. Não temos muitos equipamentos aqui, basicamente os computadores e uns ventiladores. Entretanto o que não temos em tecnologia, temos de sobra em livros; de sorte que resolvi me aprofundar na arrumaçao dos mesmos.

A ideia central era simples: eu ia retirar toodos os livros das suas respectivas prateleiras, e catalogar tudo com temas que me interessassem realmente. nada de "drama", "ação", etc. Eu queria assuntos mais agitados: "investigação" seria um. "Romances surreais", outro. Assim, quando eu me sentisse um pouco mais inclinado a explorar um determinado tema, eu iria diretamente na prateleira esotericamente organizada, e me deleitaria com a obra, e com o serviço bem feito em separar por mim mesmo as coisas.

Como todo plano que se põem muitas expectativa,s este falhou miseravelmente: pra começo de conversa, eu subestimei a quantidade de livros que eu tenho, de sorte que pôr os livros das prateleiras para o chão do escritório em breve tornou-se tomar o escritório inteiro de livros jnogados ao chão, sem lei ou razão. desta vez, a poeria não me afetou tanto; estava devidamente protegido com a máscara nossa de todo dia (graças ao Covid). Mas a situação era dantesca: mal se podia andar pelo cômodo, e as horas avançavam implacáveis: o que começou a ser feito às 10 horas da manhã, logo levou-me às 14, 16, 18 horas, sem um avanço significativo...

....exceto algo mágico, que eu creio que aconteça com todos vocês. Pois, ao revirar tudo, eu reecontrei livros antigos que eu não mexia a muito tempo - o que quer dize,r que encontrei um pedaço de mim que eu não via a muito tempo. Pois para mim (e , creio, para muitos outros), livros são uma janela da nossa alma. Eu não me lembro de um momento que um livro não estivesse me dando alegria, e nem me lembro de um momento que ganhar um livro não fosse, para mim, o presente ideal.

E eu vi esses velhos amigos, enão pude deixar de relê-los aos poucos. Não tudo, claro - eu tamb´me não sou tão louco assim - mas um pedacinho aqui, e outro ali.... e cada releitura era uma memória, ou uma sensação reencontrada. E amigos, que presente para a alma isso foi. Que refresco, que bálsamo. Cada Raymond Chanlder que eu via ao chão e relia, cada Cormac Mccarhty, cada Garcia_roza... era eu ali. Era um eu que amava aqueles livros, e comprou-os, e viveu com eles em ônibus, sofás, ou mesmo salas de aula, entre um aluno e outro. Túneis do tempo.

Sim, eu amei rever meus livros. Minha esposa também amou que eu me sentisse muito melhor de posi de tudo, mas posso apostar que ela amou muito mais ver o escritório finalmente arrumado. Porque o amor aos livros, ah, esse é o mais bagunceiro de todos!



Um comentário:

  1. Hahahahaha maravilhoso!
    Confesso que achei uma excelente ideia quando vc disse que iria arrumar os livros. Entretanto esse sentimento era posto em xeque, quando me aventurava a te ver.
    Ficou lindo, meu rei, parabéns!

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