segunda-feira, 16 de agosto de 2021

Crônicas do Novo Normal: São Paulo, cidade desamada.


Esses dias, eu estava vendo com minha esposa esses vídeos que surgem do youtube, e apareceu um falando sobre "por que as pessoas estão abandonado São Paulo", de um canal chamado Elementar.  Não era o único do tipo: na verdade, haviam mais dois muito parecidos, sobre o Rio de Janeiro e Nova York. Agora, longe de mim dizer que São Paulo é a Nova York do Brasil (algo que, ademais, nem faz muito sentido: São Paulo é a São Paulo do Brasil e ponto), nem que ela é igual ao Rio de Janeiro (falta, para isso, a cidade ter um aplicativo que mostre onde está rolando tiroteios, que é algo que realmente existe). Contudo, acho que um dos pontos principais que ele fala se ressalta nessas três: a ideia de querer sair o quanto antes do lugar, de preferência para alguma cidade do interior do estado. 

Isso me chamou muito a atenção, porque casa bastante com minha experiência nesta cidade. Não posso falar de Nova Iorque ou Rio de Janeiro, é claro, mas aqui em São Paulo me parece que quase todas as pessoas , em algum momento, decidiram que seu objetivo de futuro sempre envolve sair daqui, de uma maneira ou de outra. Você conversava com uma pessoa, ela falava de seus projetos de vida... pams, do nada, ela soltava o já conhecido "Pois é, e um dia eu saio daqui de sampa, assim que der..."

Isso me deixou bastante pensativo, essa posição extrema de querer sair daqui, o quanto antes. O que havia em São Paulo que expulsava seus habitantes?  Seria fácil pensar em poluição, segurança, falta de natureza; outras cidades sofrem da mesma coisa, e não parecem ter essa mesma tradição de impulsionar os seus cidadãos para fora. Aqui na Pauliceia Desvairada, menos que um desgosto com a cidade, parece haver uma ideia genuína que as coisas nunca foram boas, que aquele passado glorioso nunca existiu, e que o futuro que chegou não serviu para convencer ninguém a ficar. 

Hoje, eu me vejo como a pessoa pensando em sair daqui. Não por nada, sou muito feliz aqui, e creio que as minhas maiores alegrias eu consegui morando aqui em sampa. Mas em breve, eu e minha esposa queremos ter filhos, e São Paulo para mim não parece um lugar extremamente amigável  para crianças. De fato, muitas vezes parece o equivalente à uma rede bandeirantes em forma de cidade: cinza, meio chato, e com coisas legais só em horários bem quebrados. 

E de repente , me surge uma hipótese, que eu deixo ao estimado leitor: talvez seja essa a questão. Menos que poluição, sujeira, violência, as pessoas saem de São Paulo( e de outras cidades), porque lhes falta aqui a coisa mais preciosa para um coração: esperança num futuro melhor.  Espero que isso mude em breve, mas por enquanto.... alguém sabe quanto tá o aluguel em Jundiaí? 


Um comentário:

  1. Tenho sempre as minhas dúvidas quando alguém diz que quer ir embora de São Paulo, sendo paulistano. A gente não consegue viver muito tempo longe desta impessoalidade fascinante, da imensidão de pessoas indo e vindo, do mundo restrito dos bairros, e imenso das zonas em que a cidade se divide.

    Acho complicado sair daqui. O mundo parece tão pequeno quando estamos longe de São Paulo... só quando não estamos aqui percebemos isso.

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