terça-feira, 10 de agosto de 2021

Crônicas do Novo Normal: Porque Domingo foi dia dos pais


No Brasil, a terra das gambiarras, seria fácil pensar que o dia dos pais, assim como o dia das mães, foi uma invenção aleatória para aquecer o mercado. E de fato até foi mesmo, mas com uma base em algo mais concreto pelo menos; trata-se do dia de São Joaquim, o patrono dos pais na Igreja Católica. Se você vai basear um feriado em alguma coisa, por que não seguir a tradição e usar um argumento de Igreja para isso, não é mesmo?

Mas começo falando assim, e parece que estou zombando do dia em questão. Não é verdade, em absoluto: Até mesmo do dia das mães, eu penso que trata-se tão somente de um dia para você lembrar de alguém especial em sua vida, comprar uma lembrancinha, ligar e dizer que ama. Não que não se deva fazer isso todos os dias, mas o fato de ter um dia específico para isso simboliza o peso, a importância de um pai na nossa vida. O meu pai, por exemplo, foi e é um exemplo para mim, até de ordem literária: trata-se simplesmente de um escritor com décadas de experiência, e dezenas de livros publicados. Quisera eu chegar no nível dele um dia: por hora, sou apenas um reles cronista de blogs.

É claro que nem todos tem lembranças boas nestes dias, pois há aqueles homens odiosos que não deveriam jamais ter tido esse privilégio, de ter um filho ou filha, de trazer uma vida ao mundo. Homens que dizem que preferiam que a criança não tivesse nascido; homens que machucam seus filhos. Casos extremos, é claro, mas há também o caso mais comum, mais tristemente cotidiano: o do pai que simplesmente some. Que pode estar morando na rua do lado, mas poderia estar vivendo na lua que não faria a menor diferença, tamanho o desprezo que sente pela sua (não) cria. E aí toca as mães se esfalfarem para cuidar da criança, e a sociedade a achar isso lindo e chamá-las de "guerreiras", "independentes", etc. O que elas são, mas não é esse o caso, e sim o fato dos pais serem covardes e fugirem de sua responsabilidade. 

Mas não quero falar de coisas tristes ao fim destes escritos, e sim de coisas bonitas, de legados. Quero falar dos pais, e avôs, que partiram cedo demais e não viram as pessoas lindas que criaram, as coisas boas que deixaram para trás. Homens que sem saber, criaram almas iluminadas, pessoas que mudam o mundo ao seu redor, com ações, palavras, ou puramente existência. Todo mundo conhece uma pessoa assim, e pensa, poxa, eu queria muito ter visto esse pai que ela fala tanto, que até hoje essa pessoa ama tão forte. Um amor tão forte, que é como se a gente já soubesse como era  pessoa, mesmo sem ter conhecido.

Assim, esta crônica é dedicada a todos os pais que partiram antes de verem os frutos das árvores que plantaram, em especial a meu avô paterno Alfredo Jorge Hesse Garcia , e meu sogro Givaldo Francisco da Silva.

3 comentários:

  1. Tenho certeza que meu pai lá de cima e aqui ao nosso lado (porque sei que ele está nos acompanhando passo a passo) sente-se muito feliz por me ver casada com um homem como você, neguinho. Uma pessoa sensível, carinhosa, forte e que não desiste dos seus ideais. Queria muito que vcs tivessem se conhecido. Com certeza iriam ter uma relação tão bonita e especial quanto a que tenho com meu amado sogro.

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  2. Ser pai é ser humano. Foi o que busquei ensinar sempre. Obrigado, filho.

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  3. Faltou o CRONISTA revelar que,seu pai Alfredo é também JOAQUIM.Que LINDA COINCIDÊNCIA!

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