domingo, 11 de outubro de 2020

Crônicas da Cidade Pandêmica: Finis Homo Ignoramus



A notícia veio amargar o dia: uma loja abriu em minha cidade natal, Belém do Pará, e as pessoas lotaram tudo. Simplesmente se acumularam, acotovelaram-se para entrar e... gastar dinheiro. Esse era o objetivo final, pois não? Entrar e endividarem-se, com o dinheiro que não tinham, posto que a quarentena deve ter afetado o seu poder monetário. Não era nem a vacina tão esperada, nem uma distribuição de algo que fosse beneficiá-los. Simplesmente, era a oportunidade de comprarem algo e fazerem papel de idiotas, em rede local e nacional. 

Essa postura não é rara nesses dias, infelizmente. Cansei eu mesmo de escrever aqui sobre as festas que as pessoas faziam no auge da pandemia (festas estas que pararam por hora; não por um policiamento mais efetivo, mas sim porque os frequentadores começaram a adoecer). No Rio de Janeiro, São Paulo, Capitias em geral, as pessoas simplesmente buscam formas de escapar do acordado que era evitar sair a não ser que fosse absolutamente necessário, e criavam estratégias. A atriz Luana Piovanni mesmo, postou dicas para não usar a máscara e acabou ficando doente, e se recusando a ser julgada pela internet (tarde demais, eu diria). 

Essas são coisas que me fizeram, no começo dessa desventura que tem sido o ano de 2020, parar e refletir sobre o porquê destas pessoas fazerem isso. Não é possível, eu pensava, que elas estejam simplesmente indo contra o que se pede delas, só porque é o que a maioria espera deles. Não posso crer que este grupo de pessoas está agindo como um adolescente mimado: deve haver um motivo maior, uma causa, errada que fosse, para que eles sigam agindo como imbecis estratosféricos. 

Essa crença minha, ao que parece, mostrou-se tristemente errada, o que talvez diga que eu tenha mais esperança na humanidade do que pensava, já que achava que ela não seria mesquinha o suficiente para fazer algo errado por pura birra. E digo humanidade, porque são raríssimos os países onde não vemos grupos esperneando para usar uma simples máscara, para proteção de si e do outro. Nos EUA, a coisa chegou a tal ponto que mesmo o sequestro de uma governadora estava planejado, tendo como pano de fundo a postura mais dura que ela teve em relação a estes furadores de quarentena. 

E com tudo isso, a esperança que se tinha de uma mudança profunda nas pesoas, após a pandemia, me parece algo tão tolo que nem vale a pena considerar mais. Eu creio, agora, que as pessoas vão seguir sendo, possivelmente, o pior que podem. E não por malícia, como eu pensava anteriormente. O que ocorre de errado no mundo é o resultado da total estupidez humana, que se vê encaixada hoje como uma opinião a ser respeitada, e que portanto fazem coisas odiosas e idiotas como estas que citei. Então, se queremos mudar o mundo para a geração futura, que tenhamos a força de coibir com toda a força a estupidez dessa corja no poder que nos assola, porque senão tudo vai virar pó. 


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