segunda-feira, 11 de maio de 2020

Crônicas da Cidade Pandêmica: A comentarista ao lado



Esses dias, você vai mexendo na TV e fatalmente não tem mais nada passando, ou pelo menos nada que você queira realmente assistir. Reprise de novela? Passo. Série sobre as pandemis na história? Interessante, mas estou buscando me desligar um pouco, não me informar sobre as desgraças. E que tal o telejornal? Misericórdia, agora não!

Assim foi neste Domingo passado: plena 21:30 da noite e lá estávamos nós, eu e minha querida esposa Aline, jogados no sofá em completa derrota, zapeando pela Tv em busca de algo que pudesse nos distrair um pouco antes de dormir. Isso aliás, é algo que eu recomendo muito: nunca vá deitar com a cabeça pensando em problemas do mundo, ainda mais nos dias pandêmicos que vivemos. Buscar uma besteira pra aliviar a mente é algo essencial para sua sobrevivência psicológica.

Pois assim estávamos, quando de repente me vi parado num canal que passava a lendária partida Corinthians X Santos de 1974, o último clássico que Pelé jogou, onde o Santos perdeu de 1 a 0, gol de Rivelino. Surpresos com meu conhecimento a respeito? Pois aprendi tudo ontem mesmo: os comentaristas do programa (chamado, a saber, Mesa Redonda, na Gazeta) fizeram o favor de me informar diversas vezes a respeito. Por que parei ali naquele canal, não sei dizer, até porque eu nunca fui um fissurado em futebol. Ao contrário, eu costumo evitar partidas de futebol na TV, elas me causam um tédio sem fim.

O que teria feito eu parar naquele canal, e assistir os melhores momentos daquela partida específica? Talvez a magia do futebol-arte de Pelé e Rivelino se degladiando ali, naquelas imagens de colorido derretido dos anos 70?  Não sei se um dia saberei, talvez seja um dos grandes mistérios que carregarei pelos tempos, ou pelo menos até a próxima coisa que tomará minha mente. O que sei é que em dado momento, houve um impedimento na partida e eu comentei, do alto da minha ignorância, o que eu achava que tinha acontecido ali (completamente equivocado, diga-se). Foi quando ouvi a voz ao meu lado dizer:

- Não foi nada disso. Impedimento é quando o jogador chuta a bola pro outro jogador no campo de ataque, e naquele momento não tem um jogador do time oposto na mesma linha.

- O que?

- É isso que é impedimento, uai - ela disse, e concentrou de novo no jogo.

Fiquei, confesso estupefato: não esperava que Aline soubesse tanto assim de futebol! Perguntei como ela soube disso, e aí fiquei sabendo que por assistir tantos jogos com meu cunhado, ela acabou pegando algumas regras de cabeça; "pouca coisa", ela disse, meio envergonhada; e eu com aquele misto de surpresa e orgulho característicos de quando aprendemos algo bom que nem imaginávamos sobre quem amamos

Continuamos assistindo, e pasmem, nos divertindo muito, quando de repente alguém solta um passe terrivelmente mambebe, e Aline diz:

- Que passe medíocre!

Aí meu amigos, vieram os risos, e a felicidade de dividir aquele momento com minha esposa. Os sorrisos não eram de zombaria; antes, eram de admiração por ela, pelas profundiades que ela tem em si, as quais eu quase nada explorei ainda. Meu riso era o dos sortudos, dos abençoados, pois eu tenho tanto tempo ainda para aprender sobre ela, e saber o que mais ela pode comentar, e risos a darmos com jogos de futebol antigos, e vídeos aleatórios, e séries velhas e novas.....  tudo isso aqui, em minha esposa: eis a maior aventura que eu já tive o prazer de viver, que continuo vivendo, e que viverei muitos anos mais.

Um comentário:

  1. Por isso repito um versículo bíblico :"POR TUDO DAI GRAÇAS",talvez se não estivéssemos vivendo este momento de isolamento demoraria mais a saber ou talvez nunca soubesses, que DONA LILI,vai além das maravilhosas massas de PIZZAS e PÃES e EXCELENTE PROFESSORA de ESPANHOL.Aproveite pra APRENDER antes que chegue o CISQUINHO e te interrogue o porquê de mamãe saber mais de futebol que papai 😘🥰

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