terça-feira, 19 de maio de 2020

Crônicas da Cidade Pandêmica: ...but the future refused to change.

Sadness, de Daniel Castonguay

Uma coisa que pouca gente fala é da esperança errada das pessoas. É um tema espinhoso, é claro: ninguém quer ouvir falar que suas esperanças de uma vida normal, pós-pandemia, estão erradas, que o mundo de antes acabou. Ou talvez seja difícil, para muitos, tentar entender um mundo que as pessoas ainda são fundamentalmente as mesmas , depois de tanta tragédia, tanta dor.

Essas pessoas são boas, porque acreditam na humanidade,  e no aprendizado por erros. Não uma crença inválida, por certo. As tragédias realmente tendem a mudar uma pessoa, fazê-la buscar entender coisas que talvez tenha relegado ao esquecimento em algum momento da vida. Mas quem disse que a mudança tem que ser positiva? E quem disse que é realmente uma mudança?

Neste momento, existem muitas pessoas que estão se descobrindo, para o bem ou para o mal. E não acredito que o número de mudanças positivas é realmente tão grande quanto esperamos. Na verdade, acho que estamos vendo, nas ruas e na internet, a verdadeira face de tantas, tantas pessoas... e essa revelação não vai se enterrar novamente. A caixa de Pandora se abriu; ou talvez tenha se aberto a muito tempo atrás, em 2018, nas eleições. Talvez até antes. O fato é que, essas revelações ruins são muitas. Existem muitas pessoas que se comprazem do sofrimento de outros, celebram a dor. Usam essa dor para justificar seus atos terríveis.

Também existem as pessoas que se revelam, na escuridão, como fundamentalmente boas. Essas são poucas. Não, não adianta puxar pela memória a quantidade de  pessoas boas que você lembrou agora. Só pare e pense: o mundo seria assim se a maioria das pessoas fossem boas? Pense e observe. Da observação vem a iluminação; mesmo que para coisas atrozes como estas.

A única coisa a se fazer, ao invés de esperar que as pessoas magicamente tornem-se melhores, é trabalhar do nosso lado para tentar pôr uma semente de bondade nessa terra cada vez mais infértil. Um trabalhao hérculeo, e na verdade não sei dizer se vale a pena, se considerarmos as chances de sucesso. No entanto, é preciso realizá-lo. Se não o fizermos, quem fará?


Um comentário:

  1. Lembro de uma fala de Madre Teresa de Calcutá "Sou somente uma gota no oceano mas sem essa gota o oceano não seria o mesmo". Não importa se somos poucos bons no meio de muitos maus,o importante é que façamos a nossa parte porque sem nossas boas atitudes o mundo fica ainda mais cinza.

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