segunda-feira, 14 de junho de 2021

Crônicas do Novo Normal: Meu dia dos namorados, por HG Neto


Chegou o mês de junho e com ele o dia que muitos anseiam, outros detestam, e mais alguns simplesmente não dão a mínima, que é o dia dos namorados. Diferente do resto do mundo, onde se comemora o Valentine's day no dia de, bem, São Valentim (a saber, é dia 14 de fevereiro no resto do mundo), aqui o Brasil comemoramos no dia 12 de Junho, porque João Dória (o pai, não o governador de São Paulo) assim resolveu um período de desaquecimento de vendas no comércio. Assim, como tantas coisas no Brasil, o dia dos namorados já começou inventado na marra e aos poucos foi virando tradição. 

Quem me lê assim pensa que eu tenho raiva da data, mas não é verdade. De fato, antes de ter uma companheira, eu simplesmente achava que era uma coisa que não me afetava, portanto eu nem ligava. Sim, houveram tempos que eu fiquei fazendo a irritante troça com posts românticos que aparecessem em meu facebook e afins, mas isso era menos por ser contra a data e mais porque eu tinha uma tendência a ser um jovem desagradável - como de resto, todo jovem tende a querer ser.  Mas isso mudou desde que conheci Aline, e nesses 5 anos tenho dado muito valor a uma série de coisas que eu jamais prestei atenção antes, entre elas, o ato de celebrar o amor que se tem em sua vida. 

Esse ano não foi diferente; e embora estejamos passando por um... não podemos nem dizer mais pandemia, mas sim uma espécie de trauma coletivo nacional, decidimos fazer uma pequena comemoração de amor aqui em casa. O menu foi algo chique: temos por aqui uma espécie de equipamento para fazer fondue (que é basicamente queijo derretido com vinho), então compramos um bom pão com casca grossa (italiano, por um bom preço), arriscamos a receita e deu tudo certo, graças. Comemos ao som de Maroon 5, que foi meu presente para ela, e usando anéis especiais (com símbolos de lua e sol), que foi o presente dela para mim. O tema, como se deve ter adivinhado, era "presentes que nos daríamos se tivéssemos 15 anos de idade" - acho que ficou claro, pelo menos, pelo cd do Maroon 5

Mas creio que o melhor presente mesmo, quem diria, foi anunciado por João Dória Jr, quando foi dito numa coletiva Domingo sobre o adiantamento das vacinas; nós, que nos vacinaríamos somente em setembro, agora ficamos para Julho. A alegria foi grande é claro, mas em um dado momento, olhando o calendário de datas, senti um peso no peito e pensei, olhando as idades, nos amigos que partiram e não puderam se salvar disso. Olhei para Aline e ela também lagrimava, e não foi preciso dizer mais nada. Nos abraçamos e choramos, choramos com a dor pelos que perdemos, pelo alívio de estarmos perto da salvação, e pelo amor intenso que sentíamos um pelo outro naquele dia, naquele fim de semana, nesta vida.

Lá fora, o dia estava claro e sem nuvens, embora frio. E me pareceu que tudo ia ficar bem mesmo. 

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