quinta-feira, 6 de janeiro de 2022

Crônicas do Ano do Tigre: (Im)Previsões


Escrevo à noite. Pela tarde, choveu muito, então o ar está um pouco frio por agora, embora não tanto quanto eu gostaria; de qualquer forma é um tempo incomum para o verão paulista, me disseram. Aparentemente, antigamente era bem mais quente, mesmo pela noite; e as chuvas que vinham era rápidas e intensas, mas não tão repetidas como tem sido, desde dezembro passado. 

Não saberia dizer se essa visão, do tempo estar diferente, está certa ou errada, eterno neófito que sou em Sampa; mas é verdade que o tempo anda esquisito no mundo, e não falo só de chuva ou sol. Já fazem alguns anos que as coisas não andam as mesmas, não lhes parece? Há cheiro de mudança no ar, e antes que os mais otimistas pulem de alegria e pensem o melhor, deixe-me dizer que mudanças podem ser boas ou ruins: depende muito do que se está mudando, para que lado se está seguindo exatamente.

Dizem que essa mudança toda foi o que atraiu o velho fedor dos extremismos e (neo?)fascismos que assombram o mundo hoje em dia. Não é uma ideia de todo estranha: quando forçado a observar algo novo surgindo em sua vida, o ser humano tem uma tendência notável a se apegar com crenças e costumes do passado, quanto mais não seja para sentir-se mais seguro, como quando da época que essas crenças existiam. Não importa o quão odiosa ou retrógrada uma crença seja, desde que ela dê ao indivíduo o que ele mais deseja: segurança contra o mundo que ele sente lhe ofender. 

Também dizem que as coisas vão melhorar, com absoluta certeza; que não se tem mais espaço para velhas crenças, que isso que passamos agora é um respiro final desses velhos tempos. Que o futuro será iluminado pelas liberdades de ser e estar. 

Eu sou historiador de formação. Não acredito muito nesse último argumento; O que vejo na história são espirais de repetição, a velha coisa da tragédia e farsa sempre se repetindo ao longo de nossa triste saga na Terra. Mas algo em mim quer crer no fim de tanta desilusão, tanta tragédia desnecessária. Algo em mim quer crer que iremos ficar melhor depois disso. 

Talvez eu esteja só ficando velho mesmo. 


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