quinta-feira, 16 de dezembro de 2021

Crônicas do Novo Normal: Viciados em Frutas Anônimos


No Domingo houve uma feirinha aqui no condomínio, onde tentei vender meus livros e consegui muito mais amizades que vendas. Na sala onde eu estava, conheci uma confeiteira de mão cheia vendendo pães de mel (comprei), uma artesã com uma bolsa manufaturada muito bonita e prática (comprei também), e este que vos fala (ninguém comprou de mim porém). 

É claro que não havia só nós na feirinha, e uma das pessoas que ali estava era uma moça muito simpática, que chamarei aqui de Flora. Pois vejam, o comércio de Flora eram não livros, bolsas ou doces: seguindo um caminho muito mais natural, ela estava vendendo frutas. Não frutas quaisquer, veja: ali haviam ameixas (daquele tipo gigante e docinho que só vi aqui por São Paulo), pêssegos, morangos... A venda aqui era de alta qualidade, e por preços honestos. 

Sou um fraco por ameixas: comprei de Flora uma boa bandejinha, e um punhado de pêssegos de lambuja, afinal, estava me sentindo rico com todo o dinheiro que não arrecadara naquele fim de semana. Terminada a feira, levamos as frutas para casa, lavamos, e começamos a comê-las. 

Foi nosso erro: as ameixas não eram só doces; eram fora do comum. Comemos ameixas e pagamos o preço sanitário de comer tanto, mas não conseguimos parar. O pêssego, também,  se demonstrou uma fruta excepcional, doce e ácida na medida certa. Para mim, um indivíduo que só conhecia pêssegos em calda nas latas da vida, aquela fruta foi uma descoberta, e um manjar. 

E porque as frutas erma tão boas, estamos agora com o contato de Flora, nossa fornecedora oficial; Sabemos dos horários que ela recebe as melhores frutas (pela manhã, às 10), e qual o procedimento para pegar as bandejas. Entramos em contato com ela pela noite, e perguntamos qual a melhor fruta para se comprar naquele dia (amanhã, por exemplo, é dia de cereja). 

E cá estamos, eu e minha esposa, conversando um com o outro como se fossemos viciados em drogas esperando o carregamento:

- Falei com a Flora... amanha ela não tem morango. 

- Droga! A gente perdeu a oportunidade de hoje...

- Mas ó, ela disse que amanhã consegue pra gente 200 gramas daquela ameixa docinha...

- Reserva, reserva! 


Eis o Mistério da fruta. 


Nenhum comentário:

Postar um comentário