Ultimamente tenho pensando muito no futuro.
Ter um filho muda as coisas em sua mente. É claro que as prioridades mudam: Um ser minúsculo depende de você quase tanto quanto te ama, e de uma forma tão primal e desesperada quanto. E então você corre para comprar fraldas, remédios, comida específica para o estilo de alimentação dele, e quando percebe um ano e três meses se passaram já, e você mal se recorda como era dormir uma noite inteira, ou como era sua vida antes de sentir tanto amor no coração. Poderes da paternidade, suponho, e estou certo que a minha esposa tem algo igual ou superior a dizer a respeito disso tudo.
Mas para além disso, eu tenho pensado muito em futuro, em legados. Sou antes de tudo, um historiador, apesar dos tantos chamados de vocações que me puxam para todos os lados. E é difícil para mim não olhar para frente com temor: do clima, dos avanços dos fascismos, dos medos que creio virem acoplados em todos os pais e mães que se importam com seus filhos. O mundo tem dentes e morde, já sabemos, mas como esses dentes assustam quando tememos pela vida de outro!
Então sigo pensando no futuro, e me paraliso. Bem sei, bem sei: de nada adianta me focar no que não aconteceu ainda, é preciso focar no presente, construir o que se pode, guardar a comida agora e não me preocupar com a fome do inverno.
Mas eu não tenho escolha. Minha mente é assim, e sou prisioneiro destes químicos que a governam; apenas um espírito tranquilo numa nave mental defeituosa.
Então sento e penso, e agora já é tarde da noite, e minha esposa e meu filho dormem, e na escuridão da sala de estar sou iluminado apenas pela luz da lua e das estrelas. Daqui a pouco serão 5 da manhã, eu penso. Mas não consigo levantar do sofá
O que me move é o choro do bebê, uma emergência que eu posso lidar. Aline já foi lá no quarto dele recentemente, agora é a minha vez. então levantamos eu e meus temores, e tentamos lentamente dar ao meu filho chorando a calma de espírito que eu já perdi a tanto, tanto tempo.
Muito bom, nos identificamos por aqui!
ResponderExcluirNossa é tudo isto ter um filho o coração cheio de dúvidas,medos,e responsabilidades.Mas o importante é estar presente na vida.
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