domingo, 17 de maio de 2020

Crônicas da Cidade Pandêmica: O sabor da vida



Um dos meus hobbies favoritos nesta vida é cozinhar. Não é algo que tenha vindo desde sempre; confesso que. no começo eu era muito mais um gourmet que um projeto de chef. O costume de cozinhar veio com a necessidade: me mudei de Belém para São Paulo em 2015 e um pouco antes, já sabendo que iria precisar me virar, resolvi aventurar na cozinha um pouco. Cozinhei coisas básicas para meus pais e irmãos, e depois somente para mim, e pro fim deleito minha esposa com refeições vegetarianas que estou sempre aprendendo aqui ou ali.

Sim, posso dizer que namorar e casar com Aline foram grandes responsáveis pelo meu desenvolvimento culinário. Uma das piores coisas que se pode ter, quando estamos em um relacionamento com um vegetariano, é a absoluta sensação de isolamento deles em restaurantes regulares, como se eles não merecesse serviço tal qual os clientes "carnívoros". Mais de uma vez me exasperei em ir a um lugar e ver que a opção para minha companheira era, quando muito, uma salada e um ovo frito.

Foi então que comecei a aventura de aprender a cozinhar melhor. E que aventura tem sido! Livros, vídeos, sugestões... tudo é uma forma de aprimorar as habilidades. A pobreza também, se quer saber. Nada como não ter o ingrediente extao de uma determinada receita, para poder descobrir novos sabores e novas combinações acessíveis a um bolso mais magro que suas ambições.E assim fui cozinhandoi vários pratos e versões vegetarianas de pratos famosos para minha amada esposa... que ou adorou todos, ou me ama tanto que o sentimento acaba temperando os pratos. Mas acho que é mais a primeira opção; temos muitas memórias e momentos bonitos ao redor de cozinhar e comer juntos.

Nesta pandemia então, cozinhar tem sido um salvador da pátria, por mais de um motivo. Primeiro, é claro que as saídas para restaurantes cessaram por completo (não que fossem frequentes antes, lembre-se do bolso magro). A chiqueza da comida, portanto, vem do que conseguimos cozinhar ali: um strogonoff requintado, uma pizza caseira da boa, doces e mais doces... tudo tomando o cuidado de não tornar as coisas MUITO gordas. São tempos de quase sempre ficar parado em casa, afinal.

O segundo motivo, e creio que o mais forte para meu amor pela cozinha, são as lembranças. Como disse ali em cima, tenho muitas memórias boas de culinária com minha esposa, mas o pensamento voa longe, muitas vezes, quando consigo repetir um tempero que não provava desde a infância... ou quando relaizo um prato que está igual ao que eu comia em almoços no passado, com meus irmãos e meus pais, enquanto pensava nas provas de escola regular... Dizem que a música é a forma mais pura de arte: gostaria de usar aqui a culinária como um exemplo maior ou igual, pois ambas usam nossos sentidos mais primários, para causar emoção e acalantar um coração torturado pela dura realidade. 

3 comentários:

  1. O melhor tempero sempre será o AMOR.Cozinhar é sem dúvida:UM GESTO DE AMOR🥗🍰☕🍷

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  2. Sou mega sortuda! Grata por tantas aventuras e descobertas ao seu lado, meu rei!

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  3. Agora, quando possível, também se aventura em cozinhar pro seu afilhado. E ele adora!

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