sexta-feira, 8 de maio de 2020
Crônicas da Cidade Pandêmica: One day, the sadness will end
E inevitavelmente, as lágrimas vieram. Não por algo específico, que se diga; apenas, o modo como o mundo está seguindo , se não nos assusta ou nos inflama de ira, certamente nos deixa pra baixo, sofridos. Nesse momento, cabe sentar no sofá e pensar na vida, olhar par ao teto, sentir a tristeza. Talve agarrar o gato mais próximo de você e fazer um carinho - gatos saõ um excelente recurso nesse momento.
Não é possível ser feliz o tempo todo, mesmo no melhor dos climas. Em um ambiente de morte e desespero, portanto, é quase impossível, para não dizer até um pouco isolacionista, querer somente sorrisos em momentos de dor. Acho mesmo, que é algo não aconselhável: as lágrimas vem como bálsamos de certa forma, curam o machucado de dentro do peito.
E enquanto choramos, sentimos a intensidade da dor, a força de toda essa tristeza, que parece não ter fim, como dizia Tom Jobim. E é verdade: quando estamos no mar azul do sofrimento, ele parece não ter fim, nunca. nadamos e nadamos, sem poder entender como chegamos ali, ou o que podemos fazer para sair, voltar para casa, ao calor do abraço dos entes queridos. O conforto da segurança.
É nesse momento que muitos de nós se perdem, e se deixam afogar neste mar. E não vou mentir para vocês, é algo com que muitas vezes me defronto. Além de ser mais fácil (é cansativo nadar contra a maré), é tão familiar. Quanto mais você cai nestas águas traiçoeiras, mais você se familiariza com os movimentos dela, com as formas de arrastá-lo de um lado para o outro... e acaba sendo uma espécie de refugio, por mais estranho que pareça. É mais fácil sentir uma dor sem nome do que entender de onde ela vem; de fato, é bem mais prático pelo menos.
Nessas horas, tal qual náufragos, não podemos esperar um resgate de um barco gigantesco a nos procurar. É necessário nos agarrarmos nas madeirinhas boiando, buscar os botes salva-vidas. Falando sem rodeios, este salvadores são os pequenos momentos de felicidade que aparecem: um sorriso após uma piada sem-graça (minha especialidade para fazer minha esposa sorrir); uma comida bem feita e bem comida; uma música que traga boas memórias. A maior luta de nossos dias atuais é buscar esses momentos, mas acho que mais complicado -e ainda mais necessário - é podermos parar e pensar, por Deus, se isso não é bom, não sei o que é.
Um dia, a tristeza terminará de vez. Até lá, é segurar nas madeirinhas boiando de felicidade, e torcer para a chuva passar e voltarmos para o porto, para casa, e tomarmos uma boa cerveja com os amigos e contar as histórias de como chegamos até aquele momento.
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Uma bela reflexão nos dias de hoje. Cuide da sua saúde.
ResponderExcluirMinhas "madeirinhas"são as boas lembranças e os planos para quando puder me encontrar com MEUS FILHOS,NORAS e NETO (nosso SOLZINHO 🌻),com AMIGAS/AMIGOS e conversar, não sobre estes momentos cinzentos mas do quanto precisamos uns dos outros, SEMPRE.Tudo isso vai passar e nossos CAFÉS serão MUITOS, porque assuntos não faltarão e serão pretextos para ESTARMOS JUNTOS ❤️
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