quinta-feira, 1 de abril de 2021

Crônicas do Novo Normal: O que aconteceu com o mundo do amanhã?



Em 1964, entre 31 de Março e 1 de Abril, o Brasil sofreu um golpe militar. Muitos, depois que esse período passou, insistiram em chamar o movimento que ocorreu de Revolução. Mas como fazer isso sem uma grande carga de cinismo (ou, na melhor das hipóteses, de ignorância) em sua alma? Certamente, foi um Golpe, e um que foi apoiado pelos EUA, que hoje gostam de brincar de defensores da democracia. 

O apoio não veio só do país americano; muitas pessoas da própria política aqui dentro deram seu suporte, bem como muitas outras pessoas na sociedade, com suas marchas da Família (que família?) com Deus (que Deus?) pela Liberdade (de quem?). Isso foi usado no futuro como evidência que a população em peso queria que o golpe acontecesse, quando em verdade foi um movimento com origem e desenvolvimento no seio dos empresários, que sentiram medo de um governo com maior Justiça Social do que poderiam aceitar. Assim, veio a Marcha, veio o apoio dos políticos, e o Golpe se concretizou, e durou por 21 longos anos. 

Em 1985, de forma torta e incompleta, veio o fim da Ditadura Militar, também seguida de todo um apoio interno, até mesmo por quem antes apoiava o próprio golpe. Muitos enxergaram nisso uma mudança para melhor, mas acho que era tão somente os metafóricos ratos fugindo do navio em decadência. Esse é um efeito muito comum na política mundial, e de fato é possível ver exemplos disso no momento atual mesmo. De qualquer forma, as coisas mudavam, e talvez para melhor. Por que não? Certamente estávamos seguindo um bom caminho, com o fim da censura amparada pelo Governo, o retorno dos direitos políticos, das eleições, uma Nova Constituição...

Então, passamos pelos anos 90, 2000 e 2010 sempre buscando ver os avanços. Havia sempre, é claro, os problemas. Nos anos 90, a inflação do Brasil foi épica, e mesmo nos governos posteriores tivemos problemas sérios de corrupção, econômicos, de segurança, Contudo, havia sempre, secretamente, uma esperança no futuro. Certamente, pensávamos, os anos que virão serão melhores. Certamente aprendemos com estes erros e com os do passado, quando o fascismo nos conquistou sombriamente. 

Eis que estamos em 2021, e eu nem sei dizer se quando eu publicar esta crônica, teremos ainda realmente um governo democrático. Os símbolos, como temos aprendido amargamente, não morrem quando queremos, e os que idolatram a violência autoritária dos governos militares preservaram muito bem a memória de seus ícones. E cá estamos, com pessoas pedindo sem pestanejar intervenções militares em Brasília (uma delas, o próprio presidente da república eleito). E o futuro que imaginávamos? Não carros voando, ou roupas coloridas e autolimpantes. Onde está a crença que nós melhoramos? Que os erros passados não mais se repetiriam, nem de perto? Onde está o nosso mundo melhor? 

Está perdido. O futuro não é mais como era antigamente. 

E por isso, ultimamente, eu ando meio deprimido. 


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