sexta-feira, 2 de abril de 2021

Crônicas do Novo Normal: Mudança de tempo


Com quase nenhum aviso, o calor sumiu das terras paulistanas e um friozinho veio, com muito vento e muita secura. Nós, que estávamos sofrendo com um calor febril absurdo, demos graças pelo alívio que esta mudança nos proporcionou - embora seja difícil saber se é algo que veio para ficar por um bom tempo ou se é apenas passageiro. Como muitas coisas no Brasil, o tempo anda imprevisível demais, e não se pode confiar em nenhum prognóstico a longo prazo. 

De qualquer forma, o refrigério teve seu preço pessoal para mim, a saber, o retorno de minhas alergias. Como muitas pessoas no Brasil (30%, de acordo com a OMS), sofro de um espirro crônico quando passo pelo frio do outono e inverno - ou mesmo quando sou exposto a qualquer mudança mais brusca de temperatura. É um problema que me aflige desde meus anos de vivência em Belém do Pará, que seria cômico se não fosse trágico: explicar que minhas tosses secas e espirros repentinos não são covid-19 para meus alunos aterrorizados via webcam. 

É claro que isso é uma mudança (e uma problemática) ínfima no esquema geral das coisas, com tantas mudanças intensas neste mundo mid-covid. Acabamos de começar o mês de Abril e por essas alturas, em plena época de Páscoa, seria para estarmos planejando na casa de quem aconteceria o almoço de feriado, as "Comer-morações", como costumo dizer. É quase certo que fossem ocorrer na casa de minha sogra querida, Dona Sandra, e talvez até com a presença de meus pais, vindos da distante terrinha. No entanto, cá estamos, cada um em seu abrigo, e tudo que nos resta são ligações online e longas conversas virtuais. 

(Que são boas, não me entenda errado: apenas, carecem daquele calor intenso que a pessoa sente nos lugares onde é amada)

Abril e Maio são normalmente épocas de preparo também para as festas juninas, que aprendi a gostar graças á minha esposa, apaixonada que é pelas coisas do campo. No entanto, este parece ser mais um ano onde elas, as festas, não ocorrerão, infelizmente; como também não aconteceram as reuniões de aniversário em família, os almoços de Domingo, as visitas-surpresa, os picnics nos parques mais próximos. Coisas tão pontuais, e tão sentidas quando desaparecem, ainda que temporariamente. 

É sempre nas menores coisas que surgem as dores maiores. 


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