domingo, 9 de agosto de 2020

Crônicas da Cidade Pandêmica: Jedi (K)Nights

Arte por Guillem H. Ponpigiluppi

Em momentos de tristeza e pânico, a ficção torna-se nosso principal refúgio. E, como bom nerd velho, eu tenho mais de um refúgio para onde escapar.

Um clássico é, obviamente, quadrinhos. Leio HQs desde criança, começando com Turma da Mõnica (como o fizeram, suponho, quase todos os brasileiros), seguindo pelos quadrinhos disney, e chegando nos super-heróis como Homem-Aranha (um favorito, confesso), Batman, e outros. Fui uma criança abençoada nesse sentido: meus pais nunca me proibiriam realmente de ler o que eu gostava, e assim pude explorar meus gostos com todo o apoio deles. é claro que, com o tempo, fui seguindo para leituras mais complexas que essas, mas a verdade é que nunca larguei por completo este mundo.

Como exemplo maior, estes tempos eu tenho me enveredado muito pelo mundo de Guerra nas Estrelas (Nunca na minha vida irei chamar de Star Wars). Esse é um dos amores nerds mais antrigos: ainda lembro de ver o filme na Sessão da Tarde, muito antes deles irem para o SBT com nova dublagem. Vi a trilogia nova (que agora não pode ser mais chamada assim, detalhes de produção) ainda nos cinemas, e tive bonecos e joguinhos para me divertir.

Sim, o mundo da Força e dos Jedis e Siths me atraiu muito.... talvez porque logo de cara, quando os filmes nos prometem uma história "há muito tempo atrás, numa galáxia muito, muito distante". ative-se um botãozinho na sua mente, e você seja transportado para este universo completamente diferente, com suas regras próprias, políticas específicas... longe dos problemas que o prendem neste vale de lágrimas que chamamos de planeta Terra. Guerra na Estrelas é um bálsamo para os problemas do mundo, mesmo para uma criança que talvez não tenha os maiores dos problemas.

Para um adulto então, eu tenho visto que é quase uma coisa necessária para a sobrevivência de algo que pareça um pouco esperança. E é fato que nós que somos fãs deste universo ficcional somos muito afortuandos em tempos atauis: há series (O Mandaloriano, a melhor série que jamais esperei gostar, dada a relativa falta da magia habitual deste mundo), jogos (Fallen Order é um jogo que está me encantando cada vez mais, mesmo com seus bugs habituais), e filmes novos, que embora controversos (não para mim, gostei de todos eles), esão aí fornecendo material novo para a fantasia de imaginação de uma nova geração de nerdinhos.

Nesses tempos de tanta morte, descaso com o ser humano, desrespeito, onde o que há de pior na humanidade parece crescer e enraizar-se cada vez mais.... è sempre bom ter uma obra que nos fala da importância da esperança em tempos sombrios, de se acreditar no outro contra todas as expectativas, da possibilidade de um mundo melhor. Mesmo que essas coisas aconteçam só ali, no mundo da imaginação, é a partir dali que nascem as sementes da realidade. Esta guerra que travamos, neste país e em nós mesmos, precisa de alimento para a alma, e este é o meu. Um dos meus, pelo menos. E assim, passo as noites numa galáxia muito, muito distante.


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