quarta-feira, 12 de agosto de 2020

Crônicas da Cidade Pandêmica: Homo Arts Magistra

Fonte: Venturiantale Wiki

Há qualquer coisa interessante em se entender o que motiva nossos vultos de ação, isto é, a nossa real forma de interagir com este mundo. Com um ato X ou Y, estamos sempre buscando uma coisa, qualquer coisa, que nos cale fundo na alma, que nos represente.

Ou talvez não seja exatamente representação o que buscamos; esta é uma das possibilidades, é claro, mas não a única. Detesto quando os intelectuais, do alto de sua torre de marfim, vem dizer a nós, pobres mortais, como devemos agir, beber, comer, amar. Pois muitas vezes um charuto é só um charuto, mas por trás dele o que se quer é o prazer daquele momento, do estar fumando, ou bebendo café, ou o que seja. 

Dito isso, é muito certo que buscamos no mundo coisas que nos representem, e muitas vezes não encontramos: vem daí o surgimento de uma série de movimentos culturais e de invenções a mil. Quando se quer representar a tristeza, nasce um romantismo, um movimento dark-gótico, etc. Quando se tem uma revolta explodindo no peito, eis que surge o momento do naturalismo, do Punk Rock.... Isso tudo, em diversas formas, claro.

E algumas vezes, você busca só fugir do sentimento em sua mente. Acho que esse é um caso muito forte no Brasil: Aqui, parecer ser crime você estar triste: além da velha máxima de se levantar e seguir em frente, as músicas estão sempre ali, forçando uma felicidade artificial. Olha só um carnavalzinho! Veja você, um axé pra agitar! Oba, um Sertanejo universitário pra dar aquela dançada, arrepiar o pessoal, conhecer aquela/aquele novo ficante!

Às vezes parece que só um tempo anterior conseguia respeitar o verdadeiro sentimento no peito do brasiliero, a tristeza melancólica enterrada no fundo do peio; daí tantos sambas e boleros cantando o choro preso no peito de cada um. Não me entenda mal: é bom sorrir, cantar, dançar, paquerar. Mas por vezes, a pessoa preisa mesmo é de um lugar escuro, uma xícara de café, e a música tocando ao fundo, madrugada adentro, até o amanhecer da alma. 






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