terça-feira, 9 de fevereiro de 2021

Crônicas do Novo Normal: Força Verde


Talvez eu tenha falado nesse blog antes, mas eu sou um grande fã de quadrinhos. Explico: cresci lendo os mesmos, e por isso até hoje ler quadrinhos me traz uma sensação boa, de conforto, de lar. Quando criança, tive uma assinatura de revistas diversas, entre elas um pacote de revistas da Marvel, cheia de super-heróis variados. Vingadores, X-men, Homem-Aranha....

E o Incrível Hulk. 

Em um texto anterior, eu falei de como os X-men foram uma leitura que me atraiu de cara, por tratarem da perseguição aos diferentes, aos incomuns. Naqueles tempos, ser uma pessoa com gostos diferentes era motivo de perseguição; então eu realmente me vi representado ai, entre os mutantes. Mas havia algo na revista do Hulk que... bem, que desfiava minha mente, mas me atraia igualmente. 

E naqueles dias, eu não sabia dizer bem o que era. Como todo jovem, eu  achei que era pelas lutas , por toda ação. Você faz isso quando é mais jovem: tenta entender quais são as coisas que mexem contigo, e reduzi-las a algo que possa entender, e talvez até mesmo repetir quando necessário. Ação, lutas; eis o que eu tirava de Hulk. 

Fonte: Hdqwalls

Mas quanto mais eu lia, mais eu via coisas interessantes ali. E hoje, que ainda leio e revejo as revistas antigas, percebo o quanto os escritores destes quadrinhos conseguiram pôr em um pacote de monstros e ficção pulp. Pois o Hulk é um mar de fúria, pelo que o mundo faz a ele, porque o mundo não o deixa em paz. Cada lado que ele vai, ele é caçado impiedosamente, considerado uma ameaça. E sempre ele repete que quer ficar em paz, ficar só. 

Percebi então que o Incrível Hulk, como tantos outros títulos que li quando criança e que revejo esses dias, é algo muito maior do que só ação barata (embora tenha MUITO disso, não me entenda mal). Ali, naquelas histórias, eu estava conseguindo entender algo de mim que talvez nem mesmo conseguisse compreender bem que estivesse precisando ser decifrado direito. Para isso servem os símbolos e a histórias que fazemos com eles: para explicar melhor algo dentro de nós. E naqueles momentos, a criatura verde de radiação gama me ensinou que a raiva contida vira a dor de quem está perto dos que soltam essa fúria. 

Ainda leio Hulk hoje em dia, assim como tantos quadrinhos. Eles ainda me trazem a paz daqueles dias. E agora que entendo o que eles simbolizam, eles me dão a possibilidade de entender o mundo de hoje, com as lanternas coloridas de minha infância. 



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