domingo, 14 de fevereiro de 2021

Crônicas do Novo Normal: De Monstros e Humanos


É interessante para mim, observar como os monstros que assombram uma determinada era da sociedade, tem relação direta com os horrores que esta determinada época entende como seus. Vampiros, zumbis, bestas-feras radioativas.... O inconsciente coletivo está sempre buscando estes seres para expressar seus medos. 

E com o tempo, eles vão por certo se ressignificando; vampiros podem tanto ser bestiais quanto aristocratas que literalmente sugam o sangue de seus vassalos. Lobisomens podem tanto ser doenças que afetam e atormentam o mundo interno do indivíduo, quanto clãs naturalistas que tomam a civilização como sua principal inimiga, sua nemesis. 

Qual seria o Monstro de tempos atuais? Honestamente, acho que  figura do fantasma e do demônio são as principais, tanto pela ideia do passado sinistro de nossas sociedades ter voltado com tudo para as mentes contemporâneas, quanto pela imensa facilidade que a população tem de ceder a seus impulsos mais selvagens quando instigados por uma figura que é carismática aos seus lados sombrios. 



É difícil de dizer, até porque não sei se sou a pessoa mais indicada para fazer esta análise. Porém, acredito que em se tratando de disso, temos todos os nossos próprios monstros pessoais, que precisamos lidar para poder seguir em frente. Estes raramente são tão organizados quanto os arquétipos da ficção; de fato, acho que nem podemos realmente classificá-los em nenhuma categoria de Horror/Terror que exista. Alguns chamam a isso de demônios internos: eu reluto em fazê-lo, porque isso implica em talvez falta de redenção, e eu creio firmemente que nosso monstros internos tenham sim, uma chance de escaparem, de verem a luz. É difícil, mas é possível. 

O que eu queria mesmo, era que todas as pessoas conseguissem isso, conversar com seus horrores pessoais, abraçá-los, entender suas origens. Isso porque, com ou sem categorização, eles sempre vão estar lá, nossos monstros particulares, e cabe nós entender como conviver com eles. E, com sorte, criar o menor monstro possível nas gerações que virão. 


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