De acordo com a CNN, desde o começo do ano de 2021 já foram registrados mais de 420 óbitos de bebês no Brasil em decorrência do Covid-19. Entre crianças de 1 a 5 anos de idade, o número de mortos foi de 207, o maior número de mortes nesta faixa etária. De fato, este número é quase quatro vezes maior que nos EUA, que também passam uma das maiores crises sanitárias com o Covid: ali, o índice de mortes foi de 52 infantes.
Com certeza esse é um número que deixaria qualquer país embasbacado, para dizer o mínimo, e horrorizado, para dizer o certo. A morte de uma criança é a morte um pouco do futuro, do mundo que virá. É menos uma visão que vai moldar esse tempo à frente, é menos uma pessoa que possa contribuir para que as coisas fiquem melhores. Mais que isso, na verdade: é a morte de uma inocência, de um descobrimento do mundo. É a comprovação que o mundo não é somente neutralidade perante nós: é garras e dentes em forma de planeta, devorando quem puder, sem piedade.
Mas talvez estejamos sendo críticos demais ao planeta em si, quando na verdade os maiores matadores de crianças são os próprios humanos. E como o Brasil está cheio deles, desses matadores! Temos acompanhado dolorosamente o martírio que sofreu o pequeno Henry Borel, cruelmente torturado e morto. No dia 16 de abril, o menino Kaio Guilherme sofreu o que parece ser a frequente tragédia de ser criança pobre no Rio de Janeiro, levando um tiro quando estava na fila para pintar o rosto. Isso sem falar dos casos, quase diários, de jovens baleados, mortos, levados de helicóptero para ocultarem provas dos tiros da polícia.
Dizem que o Brasil é o país do futuro. Não sei dizer desde quando eu ouvi isso, talvez desde que este meu presente era, de fato, algo ainda por vir. Mas não posso acreditar mais nisso; a promessa que sempre se descumpre não passa de enganação, de lorota. E como pode ser que desse país algo que vai ser esplendoroso surja no futuro, quando o que mais se faz é eliminar essa esperança, esse amanhã?
Se nós queremos um futuro, temos que fazer alguma coisa para que parem de matá-lo.
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