Todo mundo tem um parente assim. Aquele cara que você meio que tolera durante as reuniões familiares, afinal, é família, então, tem que ter paciência, não é? ás vezes não é um cara, é um grupo todo; às vezes, de fato, a pessoa que é dona da casa onde está ocorrendo a tal reunião de família é quem você está tolerando -e portanto, você é quem está na minoria. Ainda assim, é Natal/Páscoa/qualquer outro feriado onde se pratica a falsidade familiar com estes parentes, então você respira fundo, e pensa no jantar/almoço/lanche. que com certeza estará delicioso.
Esse era o modus operanti até recentemente, estou certo. Em nome da boa convivência e do respeito, muitos de nós estávamos simplesmente seguindo a vida, indo em almoços de Domingo, sentando e ouvindo baboseira atrás de baboseira. Aliás, "baboseira" é um termo leve: ouvíamos coisas realmente agressivas daquele primo por parte de pai ou mãe, que já estava velho então falava essas coisas mesmo, mas tem bom coração; ou talvez daquele tio-avô que defendia extermínios em massa ,e todo mundo dava u risinho amarelo e seguia comendo, ou tentando ver o Faustão de branco na TV durante o ao novo.
Bem, cá estamos, e esses parentes parecem ser os elementos que estão no poder no Brasil atualmente. Muito se fala sobre eles serem os principais responsáveis na escalada ao Planalto do péssimo governo que temos hoje em dia; eu não concordo com isso, acho que a culpa envolve na verdade um grande número de outros fatores, conforme já falei em outras crônicas. Dito isso, com certeza eles fizeram sua grande contribuição nesse acontecimento, talvez até com aquela bombardeada de fake news bonita que assolou as últimas eleições. E com todas as mortes, toda a assolação que está ao redor, eles ainda tem a petulância, a cega petulância, de dizer que está tudo bem.
Ora, essa postura com certeza implica em mau-caratismo, porque não é possível considerar que um governo onde mais de 456 mil pessoas morreram sem necessidade (já que vacina havia, só foi solenemente ignorada pelo séquito bolsonarista); onde uma nova variante ainda mais letal entra no país e a única desculpa da ANVISA para isso acontecer é que "o passageiro com o vírus disse que não tinha sintomas de covid"; ou aonde o presidente da república a cada dia diminui, zomba, espezinha da doença e de seus mortos, seja considerado um governo onde tudo "está bem".
É possível, é claro, dizer que a pessoa que defende esse governo sofre de transtorno mental: a esses, peço sinceramente que busquem ajuda o quanto antes. Em relação aos que não estão nessa situação, eu digo, amigo leitor: mande-o solenemente à merda. Não vai ajudar o país, não vai resolver a falta crônica de vacinas, não vai aumentar o número de leitos; mas com certeza vai lavar sua alma, que vai ficar limpa, serena. Além do que, haverá a vantagem de não ser mais convidado para esse tipo de reunião, que eu sei bem que você nunca gostou; se gostasse, não teria voltado mal-humorado toda vez para casa.
Esse pessoal mais conservador gosta de citar Deus e a bíblia para justificar seus atos, então termino com a seguinte citação: Jesus disse que não veio trazer paz, e sim a Espada; que ia separar o filho de seu pai, a filha de sua mãe, a nora de sua sogra. Ou seja, mandar aquele primo, aquele tio/tia, aquele parente distante á merda, amigo, com certeza é caminho divino. Ide em paz e que o senhor vos acompanhe.