Acho que cada pessoa escolheu, sabendo ou não, algum tipo de hobby para passar um pouco esses dias meio parados da quarentena forçada; alguns escolheram videogames, outros livros, mais uns outros, sei lá crochê.... Agora, que o fim oficial do isolamento se avizinha em São Paulo (já que, de acordo com o calendário que nos foi mostrado, todos devem estar vacinados com a primeira dose até o dia 15 de setembro), tenho observado melhor o que eu mesmo fiz esses dias (além deste blog), e cheguei a conclusão que o que mais fiz foi pensar.
Esse ato, muitas vezes confundido pelo mundo moderno como uma espécie de vadiagem, é algo um pouco deixado de lado pela maioria das pessoas, justamente por causa desse preconceito. "por que eu ficaria aqui matutando quando eu posso estar produzindo algo", dirão alguns, e talvez estejam certos: afinal de contas, eu não afirmo ser o dono da verdade, ao contrário, tudo que tenho são dúvidas.
Contudo, em relação ao pensar ser uma vadiagem, creio que muitos avôs e bisavôs nossos serão um exemplo bem oposto a este pensamento. Por exemplo, minha bisavó materna, chamada pela família e, suponho, pelos conhecidos de "Dona Branca", possivelmente é a pessoa que eu mais tenho como emblema de trabalhadora e sobrevivente de uma situação difícil, sendo pobre e criando tanto seus filhos quanto alguns netos, em razão das voltas que este mundo cruel dá. Ora, uma pessoa que tem que trabalhar tanto não poderia ser nunca chamada de "preguiçosa", e no entanto, quantos pensamentos iluminados ouvi de sua autoria, transmitidos pelos seus descendentes!
Obviamente estes pensamentos não saíram do nada: foi preciso uma mente parar, organizar os vestígios do dia que lhe ocorreu, e chegar em conclusões a partir disso. Logo, o pensar aqui estava não ligado a uma pessoa parada fazendo nada, mas efetivamente vinda das atividades de seu dia-a-dia. Experiência mais pensamento levam à sabedoria.
Digo tudo isso porque me parece que, pela pandemia ter feito a gente diminuir um pouco o ritmo das coisas (até porque muitas lojas e entretenimentos estão fechados ou limitado em funcionamento até agora), talvez estejamos recuperando um pouco esse momento de parar e pensar, que os antigos tinham muito mais do que nós damos crédito a eles. Talvez as pessoas não estejam tendo isso como um hobby exatamente, que nem eu (confesso que eu tenho muito a tendência a me perder dentro de minha própria cabeça...), mas tenho percebido uma postura mais reflexiva das pessoas em relação ao mundo que os cerca.
Talvez essa seja a chave de um mundo novo.
Ou não!