sábado, 23 de janeiro de 2021

Crônicas do Novo Normal: Fugavision


Pouca gente sabe, mas eu converti minha esposa para o lado nerd da força quando nos casamos. Não que ela goste de TUDO que é lançado (e às vezes vomitado) pelas empresas, mas ela desenvolveu um carinho especial pelos filmes Marvel. Assistimos juntos alguns filmes em preparação para ver Guerra Infinita e depois, Ultimato. Ela gosta dos personagens, e do jeito que eles são desenvolvidos; assim, não é nenhuma surpresa que ela e eu estivessemos ansiosos por uma série nova no Disney +: WandaVision.

É uma série bastante diferente, admita-se: para começo de conversa, você espera uma  história super-heróica, e recebe uma homenagem à sitcoms antigas; até o momento foram feitas homenagens às décadas de 50, 60 e 70. Junto disso, há algo nefasto ocorrendo por detrás das cenas: Wanda, a personagem principal, parece ter distorcido a realidade de uma pequena cidade em torno de usa própria ideia de um mundo perfeito (que é baseado, curiosamente, em séries de humor estadunidenses). Para os nerds, é o deleite puro dos quadrinhos, para telecpectadores mais velhos, quase que uma série toda baseada em uma premissa do Além da Imaginação. De qualquer forma, há de tudo um pouco para todos (e as partes de humor são engraçadas mesmo!)

Fonte: Collider 



Não pude deixar de perceber, porém, o timing tão certo dessa série. Em um mundo cada vez mais caótico, quem não sente vontade de fugir para dentro de si, para seu mundinho perfeito? Eu mesmo já cansei de fazer isso, entre quadrinhos, jogos, e literatura. Acho que todos nós temos o nosso canto perfeito, ali dentro da mente; um espaço de conforto todo nosso, intocável pelas devastações do mundo real. E talvez seja salutar tê-lo; pelo menos eu posso falar de experiência própria, que em mais de uma vez essa "fuga" foi fundamental para eu me recuperar de algum choque maior. 

O problema, creio eu, é quando machucamos outras pessoas nesta busca pelo conforto próprio. Talvez ignorando uma pessoa querida que poderia ter um pouco de apoio em um momento crítico; talvez simplesmente envolvendo indevidamente pessoas que não tem nada a ver com seus dramas, em uma narrativa de raiva, ou às vezes afeto sem propósito, como acontece com tantas pessoas desvirtuadas que creem que perseguir uma pessoa é sinal de amor. De qualquer forma, fuga de realidade, como tudo na vida, não deve ser levada ao excesso. Porque senão, a alternativa é negar o próprio mundo ao seu redor, e acredito que estamos de certa forma, com nossos políticos e nossos negacionistas a pleno vapor vendo o quanto isso pode ser negativo. E WandaVision, de seu próprio jeitinho peculiar, parece estar tocando nesses aspectos negativos. Veremos se consegue finalizar tão bem quanto começou! 

Fonte: Den of Geek



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