quinta-feira, 12 de novembro de 2020

Crônicas da Cidade Pandêmica: O amor é mais forte.



Eis que o atual presidente da república conseguiu um feito notável: criar três crises ao mesmo tempo.  Primeiramente, chamo todos os brasileiros com medo de uma doença mundial, uma peste que matou mais um milhão de pessoa mundialmente, de "maricas", ofendendo com sua homofobia ao mesmo tempo os que estão resguardando a quarentena, os mortos, e os homossexuais, quando considera usa de termo pejorativo a esse grupo. Seguindo um embalo de desrespeito aos mortos total, o presidente comemorou a morte de um voluntário para a vacina, como se uma vida perdida fosse um ponto que ele fez num jogo político perverso contra João Dória, seu rival em São Paulo. "Mais uma que Jair Bolsonaro ganha", ele disse, comemorando uma morte, e um possível atraso nos estudos da vacina que pode salvar vidas mundialmente, nacionalmente. 

Por fim, o presidente resolveu semideclarar guerra aos EUA, por se sentir amuado da puxada de orelha que tomou na incompetência de gestão das queimadas que ocorreram durante todo esse ano, no Pantanal e na Amazônia. Como uma criança birrenta, resolveu ameaçar os EUA de "pólvora" - ou talvez tenha duvidado da capacidade bélica dos EUA, não ficou muito claro, dado o cacarejar característico de Bolsonaro nesses momentos. 

Estas declarações (que diga-se, nada mais foram que uma tentativa de encobrir seus preciosos filhinhos de papai, cada vez mais afundando em seus esquemas podres) não devem mais surpreender ninguém, não é? Quantas outras coisas já foram ditas nesses quase dois anos de governo Bolsonaro, que não se classificariam como uma brutalidade em palavras? Aliás, a César o que é de César: não só Bolsonaro. Seus aliados ao redor sentem-se livres para falar e agir tal qual seu ídolo, seu "mito", e portanto toca surgirem cada vez mais à vontade, e aí toca surgir mais extremismos, machismos, violência ideológica em geral. 

E no entanto, em meio a isso tudo, existem esperanças. Candidaturas (tímidas talvez, é verdade) mais progressistas ganhando apoio; organizações não-governamentais indo aonde o estado ou se esqueceu, ou ignorou completamente; Indivíduos que se preocupam em levar alimento aos mais carentes, conforto, abrigo. Tudo isso, apesar da falácia do mundo ser dos mais fortes, que estes que estão aí em cima tanto gostam de apregoar. Aliás, já perceberam que quem mais defende o argumento do "mais forte" são justamente as pessoas mais fracas moralmente que se pode conhecer? De que vale a força política, quando a alma é a mais fraca de todas? 

Estas pessoas que surgem , e que até já existiam historicamente, estão aí e creio que vão continuar, apesar de tudo, apesar da lama. Isso porque, na verdade, a maioria das pessoas não é ruim, ou boa: só são apáticos. Só gostam mesmo é do conforto de não ter de escolher, e de não fazer nada. Mas dentro destes habitantes do muro, existe uma enorme capacidade para o bem, ainda mais forte que para fazer o mal (embora não pareça às vezes, muitas vezes...). O amor é mais forte que a dor, que o ódio, que a morte. E o amor vai vencer. 


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