quarta-feira, 15 de setembro de 2021

Crônicas do Novo Normal: A solidão dos canais vazios


 

 TV aberta, hoje em dia, é raríssimo aqui em casa, para não dizer inexistente. O motivo disso é tanto por não termos amor nenhum à programação que está passando nos canais, como também pela absoluta preguiça que tenho de ajeitar os cabos atrás da Tv e organizar tudo. Se fosse só um dos fatores, possivelmente ainda estaríamos entediados com uma Globo ou Bandeirantes da vida; como os dois fatores se unificaram, aconteceu de fazerem quase dois anos que nem sequer sabemos o que se passa pelos canais. 

Não que tenhamos parado de ver coisas na TV: apenas, o foco agora passou a ser mais em conteúdo virtual do que em canais de tv aberta ou fechada. Em especial, temos dado uma boa olhada nos youtubes da ida, buscando documentários, coisas divertidas, e é claro, informações sobre lugares para viajarmos tão logo minha esposa esteja com sua segunda dose da sonhada vacina. Creio que isso também deva ser o costume de muitos casais pelo Brasil afora, ter aquela listinha com prós e contras em diversas cidades para visitar - e se for dentro do estado, tanto melhor, que o medo de covid via avião ainda vai demorar a passar. 

Foi olhando esses canais que vimos eles, os produtores de conteúdo solitários. Você já deve ter visto esses canais: são as pessoas que fazem vlogs, ou ensinam recietas ou coisa assim, mas que só tem aqueles views bem míseros, de no máximo 100 e pouco. Existem uma variedade deles: tenho visto muito, por exemplo, o canal de um ator argentino chamado Renzo Ruiz, aonde ele fala sobre sua cidade natal, Córdoba, que planejamos visitar; também tenho assistido a vlogs sobre Jundiaí (uma cidade que particularemente tem entrado em meu coração), com destaque para os vlogs de Dani Moreira, uma mulher simpática que divide sua família conosco. 

Junto desses canais a muitos outros, falando de cinema, música, livros... e quase sempre, sem alcançar o milhares de views que canais outros conseguem. E eu me vejo cada vez mais interessado nesses youtubers, em ver o conteúdo que eles tem publicado. 

Seria um pouco da síndrome do cachorro vira-lata, onde torcemos pelo lado "mais fraco"? Possivelmente. Mas é indisfarçável que as pessoas que produzem conteúdo assim, sem muita audiência, também tendem a ser mais honestas em seus feitos - se não estiverem tentando alcançar algo grande como modelo. Isso se vê em várias questões: bandas underground, diretores batalhando para fazer seus filmes, dançarinos de rua.... o que os impele é menos o sucesso e mais... sei lá, uma fome interna, um ímpeto de se expressar. E eu admiro isso.

Este blog mesmo, talvez, seja algo assim. Mas uma coisa eu lhes digo:Não hesitarei em nenhum momento em me vender para algum jornal que cometa a loucura de me publicar. Porque, no fim das contas - assim como suponho que seja para os produtores de conteúdo que eu assisto - o que importa, mesmo, é ter o diálogo com quem nos lê/vê/ouve/sente.


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