Nesse fim de semana alguns amigos meus vieram por aqui em Sampa, e foi acionado aquele velho botão que temos em nossa mente: o do turista deslumbrado. Caminhamos eu, Genival (meu amigo de longa data), Tayná (sua futura esposa), e Aline pela Pauliceia Desvairada, e fomos mostrando alguns pontos clássicos da minha cidade adotada: a Pinacoteca, a Estação da Luz, Conjunto Nacional, etc. Nem sempre deu certo , alguns lugares estavam fechados, mas o passeio foi proveitoso, e hoveram promessas de retorno para ver mais, então vejamos os próximos capítulos.
Mas o que eu queria falar aqui é que, com o botão de turista ativado, ficamos sempre um pouco mais observadores, ou pelo menos eu fico. E caminhando pelas ruas, tanto passeando quando voltado para casa, não pude deixar de olhar as coisas e incutir num velho jogo que carrego comigo a muito tempo: o de imaginar o que fazem as pessoas que moram em cada prédio, em cada vizinhança que passávamos.
É este um jogo muito antigo em minha vida: lembro de fazer isso desde criança, na cada vez mais distante (de minha vida) Belém do Pará. Eu sempre tive fascínio nisso, em saber como as pessoas pensam, como reagem às coisas da vida... me parecia (e me parece ainda), que ao vermos a frente da casa ou uma parte do apartamento desse estranho, podemos saber um pouco mais da vida dela. De como esse indivíduo é, o que pensa.
Bônus se for pela noite, e você vê apenas a luz acesa do apartamento ao longe: a mente voa, as hipóteses aumentam quase sem controle. Será que é um solitário esperando a noite passar? Será alguém trabalhando noite adentro, tentando cumprir um prazo que não conseguiu antes? Será apenas, como eu, um noctívago, que gosta da tranquilidade das madrugadas para poder pensar e entender melhor o dia que acabou de passar?
Nunca saberei, e isso é parte do jogo: essa incerteza. Penso que talvez seja esse o tempero da vida, o verdadeiro "botão" de turismo que falei no começo: olhar as coisas com o olhar perdido, e encontrar a poesia do dia-a-dia a muito esquecida.